Criado para celebrar a nobreza e a tradição da cachaça paratiense, o conhecido “Festival da Cachaça” começou a acontecer anualmente na cidade em 1983, sob o nome oficial de Festival da Pinga e Produtos Típicos de Paraty.
A ideia da festa nasceu em uma das reuniões de alambiqueiros associados da ACIP, Associação Comercial e Industrial de Paraty, partindo especialmente dos produtores Eduardo José Mello, o Eduardinho, da Destilaria Engenho D´Água Ltda., fabricante da cachaça Coqueiro; Anibal Luiz Gama, da Destilaria Corisco de Paraty Ltda., produtor da cachaça Corisco; e Douglas Reid, da Douglas J.M. Reid Aguardente, da cachaça Maré Alta. O festival tomou
Muitos paratienses ainda se lembram do impacto que causou na cidade, naqueles dias 27 e 28 do mês de agosto de 1983, o 1º Festival da Pinga e Produtos Típicos de Paraty. Foram duas noites de festa nas imediações do Largo da Santa Rita, na Antiga Cadeia – construções emblemáticas da paisagem local. Criada para valorizar o produto e não para vender cachaça, a festa nasceu com fortes raízes culturais, visando movimentar o comércio e atrair turistas e visitantes para aquele período de baixa temporada.
Há quem conte: em clima de muita animação, eram muitos os carros no entorno do antigo Mercado de Peixes, com intenso movimento junto ao palco, onde se apresentaram os artistas da cidade. Aproveitando a ocasião, os produtores locais não perderam a chance de chamar a atenção do Ministério da Fazenda, e chegaram a fazer um manifesto, solicitando isenção de impostos.
Além da boa cachaça da terra, representada na festa pelas marcas Coqueiro, Corisco, Maré Alta e Muricana, havia caldinho de feijão com pimenta, manuê de bacia, camarão casadinho e produtos da roça, sem esquecer as canecas de cerâmica – símbolo marcante do Festival já em sua primeira edição. Também foram sucesso uma exposição de rótulos e aguardentes, e o lançamento de um livro que deu o que falar, “Benaventurados os bêbados”, de autoria do poeta, escritor e jornalista Dailor Varela. Com patrocínio da Prefeitura de Paraty, da Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo, da ACIP e do IHAP, Instituto Histórico e Artístico de Paraty, o evento inaugurava um
novo tempo, que acabou por revitalizar o lugar de honra que a cachaça de Paraty ocupava na produção brasileira. A cidade aprovou e a história do Festival da Pinga não parou mais. Já no ano seguinte ocorria de forma mais organizada o 2º Festival, com todo o chão da Antiga Cadeia forrado com bagaço de cana e as barracas em estrutura de bambu cobertas de plástico. Ano a ano a experiência foi aprimorando os detalhes da festa. Do time dos pioneiros dessa história, Eduardo José Mello, do alambique Coqueiro, reforça a importância simbólica do Festival da Pinga na cidade, citando algumas lembranças: “Havia um controle rigoroso, não se vendia outra bebida no recinto.
O Festival foi criado com origem nas festas de família, o que se queria era valorizar a cultura local, por meio da cachaça produzida pelos alambiques e também pela música e pela gastronomia. E era uma festa que acontecia dia e noite, as barracas não fechavam. Até porque não havia segurança na época, então ficávamos tomando conta pela madrugada adentro”, conta Eduardinho. Muitos admitem as dificuldades que por vezes surpreendiam os organizadores durante o evento: chuva, ventania, o sobe-desce da maré, os excessos de alguns visitantes... Porém todos são unânimes: “O Festival ajudou a confirmar o reconhecimento mundial da cachaça de Paraty.”
Os primeiros no Largo da Santa Rita, depois na Praça da Matriz, outras vezes no Areal do Pontal, onde, por sinal, aconteceu um dos festivais considerados mais bonitos, com barracas feitas de pau-a-pique, cobertas de sapê, junto a uma roda d´água e a uma réplica da igreja de
Menina dos olhos da APACAP, em 2011 o Festival foi rebatizado com o nome de Festival da Cachaça, Cultura e Sabores de Paraty, em decisão norteada pela oficialização Indicação Geográfica “cachaça” para o produto típico brasileiro (decreto nº 4.062, do governo de
Sempre em diálogo com a cidade, a festa, realizada sempre no mês de agosto, em parceria com o Polo Gastronômico de Paraty e a Prefeitura de Paraty, por meio das secretarias do Turismo e da Cultura, vem aprimorando as vivências de suas tradições na cultura e na gastronomia, inclusive com viés na sustentabilidade. Buscando manter vivas suas raízes, acontece hoje em dia em um formato bastante confortável para o grande público que costuma lotar a cidade (cerca de 40 mil pessoas), com barracas padronizadas em Praça de Alimentação, segurança, preocupação social e de acessibilidade, e um cuidadoso profissionalismo na organização. Visando a democratização da cultura e a valorização da identidade de Paraty, é um evento pensado, ano após ano, para promover a produção das marcas das cachaças e dos saberes e fazeres locais por meio da exposição e venda de produtos, e com a realização de um variado leque de atividades de entretenimento – além de apresentações musicais e teatrais de qualidade, a programação integra exposições de arte, artesanato e fotografia, espetáculos circenses e de cultura popular, como ciranda, jongo e maracatu. Também vem se firmando como diferencial da festa a intensa participação dos restaurantes da cidade. Já é tradição do Festival, inclusive com forte apelo turístico, a criação de pratos e drinques especiais com o destilado, o que reforça o conceito de que cachaça também é produto gourmet.
A cada edição da festa o resultado se aprimora, com bartenders, baristas e chefs da boa cozinha paratiense se superando, entre ingredientes locais, receitas típicas e a excelência da cachaça de Paraty. Um dos indicadores do sucesso da festa é o significativo aumento da circulação de turistas pela cidade: dados da Secretaria Municipal de Turismo revelam que a média de ocupação hoteleira, entre 2013 e 2015, foi de 91%.
A APACAP destaca a importância da realização anual do Festival da Cachaça, Cultura e Sabores de Paraty como evento que beneficia efetivamente a população local por aquecer a indústria do turismo e favorecer o alcance de alguns objetivos específicos. Entre eles: